terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Lorotas para Copenhague

03/12/2009

A maior fatia da matriz de energia elétrica brasileira é representada pela geração hídrica com cerca de 77,5% do total da oferta. Afora alguns projetos desastrosos do ponto de vista ambiental, como os planejados para a área amazônica, a geração hídrica é renovável e ambientalmente neutra quando bem projetada e manejada.


As usinas de Santo Antônio e Jirau, a serem construídas na calha do rio Madeira, em Rondônia, contradizem toda e qualquer política governamental de preservação da Amazônia e de redução de taxa de desmatamento de nossas florestas tropicais por estarem sendo projetadas para alagar grandes áreas planas no coração da Amazônia, tendo como resultado a destruição da mata. Qualquer idiota sabe que represar água numa região de plana - como a nossa Amazônia - implica em produzir um reservatório de grandes dimensões e baixa profundidade e, portanto, de baixa eficiência sob o ponto de vista de engenharia. Apenas a usina de Jirau irá inundar uma área equivalente a três vezes à ocupada pela calha do rio no trecho considerado.


Assim, num momento em que deveríamos estar comemorando o crescimento da área reflorestada, o próprio governo lidera na redução da cobertura vegetal da floresta tropical mais importante do planeta. Aliás, na mesma linha de raciocínio, temos sido testemunhas, com elevada frequência, do fato de a imprensa informar que o governo federal vem assiduamente festejando a queda da taxa de desmatamento na Amazônia. Honestamente, este não é um motivo para se comemorar. Comemoração mereceria a inversão da tendência, a saber, o crescimento da taxa de reflorestamento, não só na Amazônia, mas também em nossa moribunda Mata Atlântica e em outros biomas representativos e também depredados.


Outro dado preocupante tem sido a euforia com que se divulga a descoberta e a futura produção de petróleo e gás natural que vem sendo descobertos na camada pré-sal. Dentre os planos do governo está o de duplicar a atual produção de óleo brasileira, alcançando quatro milhões de barris de óleo equivalentes até 2020. Cerca de 50% deste acréscimo visam atender a crescente demanda do mercado interno, enquanto que a outra metade se destina à exportação. Assim, não só esta produção vai tornar nossa matriz energética mais suja, como também contribuiremos para sujar a matriz de outros países.

Entretanto, não podemos parar por aqui. Recentemente o governo concedeu incentivos fiscais para a compra de veículos de passeio, em boa parte dos casos para uso individual, agregando milhões de veículos à frota de nossas já saturadas e congestionadas metrópoles. Poderão alegar alguns que parcela significativa desses veículos é do tipo “flex” que podem queimar etanol em seus motores. É claro que o uso de etanol, produzido da cana-de-açúcar, é muito mais saudável que o uso de gasolina ou diesel. Entretanto, mesmo a cana-de-açúcar não é inteiramente “verde”, pois todos sabemos que as plantas retiram gás carbônico do ar para realizar a fotossíntese, mas devolvem uma parcela desse gás à atmosfera durante sua respiração. É claro que há plantas cujo saldo de remoção de CO2 é melhor que o da cana-de-açúcar. Daí a necessidade de reflorestamento utilizando as espécies vegetais originais e não a ocupação de grandes áreas com as monoculturas, inclusive da cana-de-açúcar.

Um dado alarmante é que para absorver os 400 milhões de toneladas de CO2 a serem emitidos apenas em 2009 no Brasil, será necessário o reflorestamento de 6.974 km2, equivalentes a 900.000 campos de futebol de 110 por 70 metros.

Em função dos dados aqui apresentados, fica evidente que a proposta brasileira de reduzir em 39% as emissões de gases de efeito-estufa – CO2 e NO2 basicamente – resultantes da combustão de derivados de petróleo e de carvão mineral não passa de mais uma lorota dentre as muitas que serão contados na Cúpula de Copenhague a se realizar neste mês.

Dá para confiar nos produtores de etanol?

12/11/2009

Nas minhas andanças no último feriado, cheguei a ver o litro de álcool combustível a R$ 1,95. Este número representa um aumento de mais de 22% em relação ao preço médio pago na cidade do Rio de Janeiro até setembro deste ano.

As explicações para esse comportamento dos preços - dada pelos produtores - é a elevação do preço do açúcar no exterior, o que leva a um desvio de parte da produção da cana-de-açúcar (matéria prima para ambos os produtos (álcool e açúcar) para a produção de açúcar, reduzindo a oferta de álcool e elevando seus preços no mercado doméstico.

Um dos motivos desta alta do preço do açúcar foi a quebra da safra de cana da Índia, que vai levar o país - que é o maior consumidor mundial do produto - a terminar o ano com um déficit de cerca até sete milhões de toneladas desta da commodity.

Além disto, os EUA precisarão importar grandes volumes de etanol do Brasil para atender as metas de utilização de biocombustíveis avançados impostas pelo mandato criado pelo Padrão de Combustíveis Renováveis dos EUA, conhecido por RFS, da sigla em inglês. A afirmação foi feita pela analista da trading francesa Sucres et Denrees, Karim Salamon. Segundo ela, os EUA dependerão de forma expressiva do etanol brasileiro para cumprir os mandatos estabelecidos, que são de 757 milhões de litros em 2010, atingindo 15,1 bilhões de litros em 2022. Para agravar o quadro, a produção de etanol de milho – altamente subsidiada por lá - vai sofrer um sensível impacto para menos por causa dos problemas climáticos enfrentados por lá no último verão.

Após mostrar esta paisagem em torno do álcool de cana, cabe a pergunta: dá pra confiar nos produtores de álcool e açúcar dado que eles têm demonstrado sua alta capacidade de especular com os preços e a oferta em decorrência de qualquer fato inesperado em qualquer espaço do globo?

É certo que a combustão do etanol é bem menos agressiva que a da gasolina, quando se cogita da emissão de gases causadores do efeito-estufa em nossa atmosfera, especialmente o dióxido de carbono (CO2). É certo também que tanto o etanol quanto a gasolina são usados apenas para gerar energia para acionar motores de veículos de passeio, para o transporte individual e para contribuir para o congestionamento de nossas grandes cidades.

Não se pode deixar de considerar também as consequências das especulações e do aumento do preço do etanol na gestão dos negócios públicos. Ainda este mês, o governo brasileiro vai participar da Conferência do Clima a se realizar em Copenhague, na Dinamarca. Neste fórum os países vão assumir compromissos para reduzir as emissões de gases causadores do aquecimento global. Um dos trunfos do Brasil é justamente o seu programa de biocombustíveis, no qual o emprego do etanol é um dos pontos fortes.

Outro ponto a lembrar é que, em função do aumento do preço do etanol no mercado interno, o governo já pensa em reduzir o conteúdo de álcool anidro na gasolina. É inegável que mesmo uma fração de álcool na gasolina já contribui efetivamente para a redução das emissões de gases causadores do efeito-estufa.

Em resumo, a produção de etanol é assunto muito sério para ficar ao bel-prazer de especuladores e gananciosos.

O pré-sal e o efeito-estufa

O pré-sal e o efeito-estufa

24/09/2009

Embora predomine atualmente a visão de que o aquecimento global é consequência do volume de gás carbônico lançado na atmosfera resultante da queima de combustíveis fósseis – petróleo, gás natural e carvão mineral – há uma outra corrente que defende a tese de que o aquecimento global é fruto de um periódico aquecimento de nosso planeta resultante de alterações na posição da órbita terrestre e, em consequência, da distância da terra em relação ao sol.

Ora, mesmo que a segunda corrente seja verídica e que estejamos de fato entrando num ciclo cósmico periódico de aquecimento terrestre, isto não torna a segunda premissa falsa. Indiscutivelmente, a maior presença de gás carbônico e outros gases causadores do efeito-estufa na atmosfera é uma indutora de aquecimento da atmosfera de nosso planeta. É cientificamente comprovado que a presença desses gases modifica o regime segundo o qual a radiação solar atinge a superfície terrestre e é por ela refletida de volta ao espaço, especialmente a radiação infravermelha ou radiação térmica emitida pelo sol. Portanto, mesmo que seja verdade que estejamos entrando num ciclo de aquecimento terrestre produzido por causas externas, isto não invalida os efeitos da presença de gases geradores do efeito-estufa produzidos pela queima em larga escala de combustíveis de origem fóssil

Em breves palavras, a radiação infravermelha ou térmica procedente de sol tem energia suficiente para atravessar a atmosfera terrestre, sendo parte dela absorvida pelo planeta e parte refletida de volta ao espaço. Ocorre que a parcela de radiação térmica refletida é de menor conteúdo energético que a radiação original incidente, sendo, em muitos casos incapaz de atravessar a camada de gases causadores do efeito-estufa que vão se acumulando na atmosfera em razão do maciço emprego de combustíveis de origem fóssil. Por ser incapaz de vencer a camada de gases, esta radiação é re-refletida de volta à superfície terrestre. Este confinamento da radiação térmica em nosso espaço é o que chamamos “efeito-estufa”.

Todos esses fatos estão aqui alinhados por uma simples razão: a descoberta de petróleo na camada pré-sal pela Petrobrás. Toda a euforia que tomou conta de significativa parcela do povo e de autoridades do governo brasileiro tem, a meu ver, pouco sentido. Autoridades anunciam aos quatro ventos que o petróleo do pré-sal vai ser o veículo da verdadeira e retardada independência do Brasil. Os anúncios dos volumes de óleo e gás variam em função do auditório a quem os políticos se dirigem e não em função de sérios, caros e exaustivos estudos geológicos e geofísicos.

Sobre o petróleo produzido incidirão tributos, “royalties” e outras participações que formarão um fundo social a ser destinado, em boa parte, à educação e a outros programas sociais. Atitude louvável esta não fora ser ela divulgada por um governo em fim de mandato, já que todos nós sabemos que em nosso país não é regra que um governo que entra cumpre as promessas daquele que sai.

Finalmente, volta aquela antiga questão jamais debatida ou analisada pelos nossos eufóricos políticos: após tantos fatos desaconselhando o emprego de fontes fósseis de energia em virtude de sua nocividade ao meio ambiente, não seria antipático e antiético os brasileiros estarem festejando a descoberta de mais uma fonte de agressão a este nosso planeta já tão surrado e maltratado? Será que a Terra suporta a queima de mais esses bilhões de barris de petróleo? Não seria mais razoável o Brasil se orgulhar de liderar a aplicação de fontes de energia renovável em lugar do sujo petróleo?

O pacote do pré-sal

03/09/2009

Recentemente, o governo brasileiro divulgou os principais pontos de seus projetos para a exploração econômica dos recursos do pré-sal.

  1. O primeiro projeto cria um Fundo Social que será beneficiado com os recursos de exploração do pré-sal;
  2. A segunda proposta cria uma empresa estatal para gerenciar as atividades das empresas nestes campos;
  3. Uma terceira proposta trata da capitalização da Petrobrás em US$ 50 bilhões para que ela possa fazer frente aos investimentos requeridos;
  4. A quarta proposta estabelece um sistema de partilha dos resultados da exploração para os campos que ainda não foram licitados.

Informações do governo asseguram que o Fundo Social a ser criado vai concentrar seus recursos na educação pública, visando elevar sua qualidade, e na erradicação da pobreza.

A empresa estatal a ser criada, a Petrosal, deverá avaliar, técnica e economicamente, os planos de exploração, avaliação, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural. A empresa também tem como função monitorar e auditar a execução dos projetos de exploração e os custos e investimentos relacionados aos contratos de partilha de produção. Fato curioso é que parte das atribuições da nova empresa cabe hoje à ANP. Com isto, a Petrobrás que será a única operadora desses campos e suas parceiras nos investimentos terá de fornecer a mesma informação duas vezes a órgãos do governo, o que é lamentável e improdutivo.

A capitalização da Petrobrás será feita pela União, a partir de títulos federais a serem negociados no mercado e lastreados nas receitas advindas da futura produção de óleo e gás natural dos campos do pré-sal. Esta capitalização também estará aberta a acionistas minoritários.

A partilha dos resultados definirá a quem caberão os “royalties” e outras receitas relacionadas às atividades exploratórias.

Esses são os pontos que preocupavam o atual governo. Até aqui tudo é festa. As manchetes não se cansam de divulgar que o Brasil vai, em breve, superar a Arábia Saudita em volume de reservas de petróleo e gás natural. O próprio governo cita países ricos em petróleo, como a Venezuela ou a Nigéria, mas cujo povo continua pobre. Evidentemente, há muitos outros problemas que nem sequer foram abordados, cogitados ou divulgados pelos políticos da situação. Por exemplo:

  1. Que critérios sobre a melhoria dos níveis de qualidade da educação no Brasil serão usados em função da aplicação de receitas federais oriundas das atividades do pré-sal?
  2. Quanto vai custar a produção de cada barril de óleo a ser extraído dos campos do pré-sal?
  3. Quais as reais dimensões dos reservatórios do pré-sal?
  4. Qual a vazão de produção dos campos do pré-sal ao longo do tempo?
  5. Que efeitos terá uma eventual exportação maciça do petróleo do pré-sal sobre a economia do país e sobre a duração das reservas?
  6. Que efeito terá sobre o efeito-estufa a produção de gás carbônico com a queima dos derivados produzidos a partir do petróleo e gás natural produzidos nos campos do pré-sal?

Dado que todas essas questões de fundo estão em aberto e que outros grupos políticos podem assumir o controle do país no futuro, nem mesmo as questões incluídas no pacote oficial enviado ao Congresso terão sua aprovação assegurada. O que se pode dizer das questões não abordadas no projeto oficial?

A Petrobrás é uma empresa privada

23/07/2009

Existe muito idealismo na questão do pré-sal. Entretanto, os fatos já conhecidos demonstram claramente que a distribuição de áreas para exploração destas riquezas seguirá um modelo muito próximo ao estabelecido no governo do PSDB, baseado em leilões que objetivam, em última análise, a privatização de nossas reservas de óleo e gás.

O presidente da República é claro sobre suas intenções quando avalia que um modelo de exploração do pré-sal concentrado na Petrobrás dificultaria a execução de sua ideia de usar os recursos para "reparações históricas", como investimento maciço em educação e no combate à pobreza. Daí sua decisão de criar uma estatal para administrar as reservas do pré-sal que ainda não foram leiloadas, como antecipou recentemente

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão - um dos prepostos de José Sarney no atual governo - disse que o projeto definindo o marco regulatório para a exploração de petróleo na região do pré-sal será encaminhado ao Congresso Nacional em agosto.

Segundo ele, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) terá papel relevante no processo, sendo responsável por elaborar os editais para os blocos de petróleo que deverão ser leiloados, a exemplo do que ocorre em outras concessões.

No entanto, ainda não está fixado se o comando dos leilões ficará a cargo da agência ou da nova empresa que será criada para gerir a exploração da camada subterrânea de petróleo, de alta profundidade, onde estão as reservas. Na prática, os blocos do pré-sal serão leiloados como todos os demais blocos o foram até aqui, após a aprovação da lei nº 9.478/97. Nada mudou com o PT no poder.

Um outro fato, entretanto, passa desapercebido pelos nossos camaradas patriotas: a Petrobrás de hoje é, a rigor, uma empresa privada. Qualquer pessoa medianamente informada sabe que mais de 66% do capital da empresa está em mãos privadas, sendo boa parcela destas estrangeiras. Apesar de o Estado ainda deter a maior parte das ações com direito a voto, mais de 2/3 dos lucros da empresa são destinados a contas privadas.

Diante deste quadro, a posição de brasileiros favoráveis à Petrobrás fica bastante dificultada. Inicialmente porque o governo vai criar uma empresa exclusivamente para cuidar do óleo existente no pré-sal, devendo esta empresa realizar leilões para concessão de áreas à exploração de quem der mais.

Adicionalmente, como patrocinar a causa de uma empresa privada, com parcela ponderável de acionistas estrangeiros e com atuação internacional, frente a outras com o mesmo perfil?

A menos que o Estado volte a deter a maior parte do capital total da Petrobrás, a batalha que setores patrióticos de nossa sociedade estão travando carece de coerência. Na verdade, o que esses setores estão advogando é um privilégio para uma empresa como as demais do setor e que vai distribuir quase 70% de seus lucros para acionistas privados no país e no exterior.

Por outro lado, chega a ser engraçado que, em fim de mandato, o atual presidente da República esteja planejando usar recursos da produção de óleo e gás do pré-sal para a educação e o combate à pobreza...

O tempo se esgota para o petróleo

12/03/2009

As reservas mundiais provadas de petróleo alcançam hoje cerca de 1,18 trilhão de barris, de acordo com a revista especializada Oil & Gas Journal. Reservas provadas são aquelas quantidades de petróleo que, nas atuais condições de tecnologia e custo, podem ser extraídas dos reservatórios. Considerando a atual taxa de consumo global – 82 milhões de barris por dia - este volume seria suficiente para suprir a demanda mundial até cerca de 2050.


Todavia, os cientistas têm reclamado por uma revisão da quantidade das reservas provadas de petróleo, já que, segundo eles, o fim das reservas poderá ocorrer antes do que os governos e as empresas têm admitido, dado que estes e estas têm uma tendência já conhecida para inflar os números.

Os pesquisadores do Centro de Análises sobre a Queda da Produção de Petróleo, baseado em Londres, informam que o pico da produção de petróleo ocorrerá entre 2007 e 2011 antes que esta entre num declínio inexorável, produzindo grandes impactos na economia mundial e no nosso modo de vida.
Segundo a “teoria do pico de produção de petróleo”, o consumo global vai alcançar a taxa de novas descobertas, logo depois vai ultrapassá-la e então passará a reduzir o volume de reservas conhecidas.

De acordo com as pesquisas do Centro de Análises britânico, o pico de produção do chamado “óleo convencional” – aquele cujos custos de descoberta e produção são baixos – ocorreu em 2005. Mesmo quando se levam em conta as novas fronteiras do negócio - o óleo a ser extraído das areias betuminosas, de águas profundas, das regiões polares e da liquefação de frações do gás natural - o pico ocorrerá em 2011, segundo o Centro.

Afora este quadro, há ainda uma outra questão também crucial: nosso planeta será capaz de suportar as consequências, em termos de agressão e degradação ambientais, resultantes do consumo de todo este petróleo ainda por ser produzido? Já hoje, há claros sinais de que a deterioração das condições climáticas – frutos da poluição atmosférica provocada pela maciça queima de derivados de petróleo – especialmente o “efeito estufa”, responsável pela elevação da temperatura global e todos os seus impactos, muitos dos quais ainda desconhecidos, sobre a s condições de sustentabilidade da vida na Terra.

Assim, pelas duas razões aqui expostas – o esgotamento do petróleo e a agressão ambiental – já passamos do momento de ter em mente, minimamente, um projeto alternativo para geração de energia.

Cerca de 88% da energia que o mundo consome atualmente vem das fontes chamadas “sujas” (petróleo, gás natural e carvão mineral). O esgotamento das reservas de petróleo e gás em meados deste século, assim como a redução de seu uso como fonte de energia primária em função da necessidade de preservação ambiental, abrirá espaço para alternativas mais limpas – biocombustíveis, solar, eólica, das marés, etc. – somadas a uma mudança no modo de vida ocidental, baseado no uso excessivo de energia fóssil. Infelizmente, as reservas de carvão mineral terão sobrevida mais longa, tendo na China, Rússia e EUA seus maiores consumidores.

Tomando estes dados como bússola e norma para construir um plano de vôo responsável, a humanidade terá dado passos seguros no sentido de lançar as bases para uma vida melhor, mais segura e tranquila para a geração que está nascendo agora.