Acredito que dever ter havido uma fase da existência da humanidade em que a imprensa tinha como alvo informar de forma isenta. Nesta fase o cidadão comum buscava na chamada “mídia” a informação clara e neutra sobre uma grande diversidade de temas para então formar a sua própria opinião.
Infelizmente, nasci numa época em que a imprensa já se achava deformada, havendo órgãos de informação com diferentes tendências e posições. É natural que as pessoas busquem se informar nos veículos que assumem posições em sintonia com as suas. Introduz-se, assim, a ausência do contraditório que poderia lançar mais luz sobre a questão e prolifera o partidarismo, a divisão e cisão sem consequências.
Evidentemente, mesmo neste ambiente viciado, há órgãos de imprensa que buscam reforçar suas posições ressaltando fatos que desmerecem seus adversários em diferentes campos do relacionamento humano. Um dos campos mais visado é a política. Entretanto, qualquer órgão da “mídia” minimamente sério irá cuidar que qualquer de seus ataques a adversários políticos de sua linha editorial tenha como fundamentos documentos, depoimentos e outras provas dignas crédito antes de sua divulgação ao público.
Lamentavelmente não é o que tem ocorrido com a revista semanal “Veja” em nosso país. Em seu último número (semana de 17 a 23/9/2012), a revista ataca de frente o ex-presidente Lula, acusando-o de ser o “chefão” do “Mensalão”. Segundo a “Veja”, suas informações foram obtidas de “parentes e pessoas próximas a Marcos Valério”, este o operador do citado esquema de corrupção. Não cita a “Veja” uma prova concreta ou um depoimento digno de credibilidade. Suas informações são vagas e irresponsáveis. Nesse clima informa a “Veja” extraoficialmente que tem em seu poder o áudio de uma entrevista com o próprio Marcos Valério que será oportunamente divulgado.
Vergonhosamente, a “Veja” não cita um nome sequer dos parentes e pessoas próximas ao operador do esquema. Ademais, o próprio Marcos Valério já informou à imprensa, através de seu advogado, que não deu qualquer entrevista à “Veja”.
Não trata este texto de defender o ex-presidente Lula. Trata, sim, de assegurar à sociedade brasileira o direito de obter na imprensa informações verídicas e comprovadas, mesmo que estas contrariem seu credo.
Curiosamente, a “mídia” calou-se perante as denúncias de que o Diretor da “Veja” em Brasília, Policarpo Jr. esteve envolvido com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e com o senador cassado Demóstenes Torres em acusações de tráfico de influência para beneficiar alguns interesses políticos. Note-se que estas denúncias são resultado de investigações da Polícia Federal, claramente citadas no número 710 da revista “Carta Capital”.
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