O mundo de hoje consome 82,5 milhões de barris de petróleo por dia. Cada barril equivale a 159 litros, o que perfaz um total de 13 bilhões de litros diários ou quase 5 trilhões de litros por ano. O número em si já é assustador. Contudo, algumas análises feitas em cima desse número gigantesco tornam o quadro ainda mais preocupante.
De um total de 206 países cujas demandas por petróleo foram contabilizadas, apenas a soma dos consumos de sete deles (EUA, Japão, Alemanha, Canadá, Coréia do Sul, França, Itália e Grã-Bretanha) representa a metade de todo o consumo mundial e é equivalente à soma da demanda dos outros 199 países investigados.
É bom ressalvar que os números aqui indicados são referentes ao uso do petróleo como fonte de energia primária sob várias formas – transporte, geração termelétrica, aquecimento, transformações industriais, etc. Observado o consumo per capita, a situação revela-se sumamente injusta. Vejamos: cada cidadão dos EUA ou do Canadá, não importa sua idade, consome 11 mil litros de petróleo por dia; em compensação, cada brasileiro ou argentino consome somente 1750 litros de petróleo por dia. No fim da fila estão pessoas como os etíopes, os cambojanos e os congoleses com um consumo inferior a 50 litros por dia – 220 vezes menos que um norte-americano!
Quando consideramos o consumo de carvão mineral, os números são parecidos: De um consumo mundial de 4,6 bilhões de toneladas por ano, a soma dos consumos dos norte-americanos, chineses e russos equivale à 40% do consumo dos demais países que utilizam o carvão como fonte de energia primária. Um cidadão norte-americano consome cerca de 3600 kg de carvão por ano ao passo que o consumo de um brasileiro não passa de 120 kg por ano – 30 vezes menos que um norte-americano!
É voz corrente que o consumo de energia é um indicador de progresso das sociedades. Entretanto, é cada vez mais consensual que o consumo das fontes de energia predominantes hoje em dia é também um indicador da degradação do meio ambiente em todos vivemos – mares, florestas e atmosfera. A degradação ambiental em constante avanço, caracterizada pelo “efeito-estufa” tem elevado a temperatura média do planeta e vai castigar a todos indiscriminadamente, não importa sua parcela de culpa na orgia energética que marca o mundo atual.
Isto posto, queda evidente que, além de vivermos num mundo injusto socialmente, vivemos também num mundo perverso energeticamente. Urge que sociedades esbanjadoras de fontes de energia agressivas pisem no freio e descubram outras maneiras de se manterem funcionando, mesmo que isso implique em reduzir seu consumo, ao passo que indenizam de forma socialmente responsável as demais sociedades pelos danos até aqui causados por sua insensibilidade.
Infelizmente, essa tese tem poucas chances de prosperar. A história da sociedade humana foi e ainda é marcada pelo egoísmo e pela exploração dos mais fracos pelos mais fortes. Também neste caso as probabilidades de que o caos se instale, em âmbito global, antes que as lideranças políticas e empresariais tomem alguma iniciativa para reverter o curso da insensatez, são muito grandes.
Quem sobreviver, verá.
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