sábado, 17 de maio de 2008

Petróleo - até quando?

As reservas de petróleo provadas em todo o mundo alcançam hoje, algo como um trilhão de barris e não se vislumbram novas descobertas representativas, exceto nas geladas paragens da Sibéria Oriental. A taxa de novas descobertas nas três últimas décadas não vem acompanhando o passo do crescimento do consumo.

Afora algum evento imprevisto do lado da oferta, é razoável crer que nosso petróleo abundante e relativamente barato está com seus dias contados. Mantidas as atuais taxas de demanda e oferta, as duas próximas gerações vão conviver com um petróleo cada vez mais caro e raro, até que o petróleo hoje conhecido se esgote em meados deste nosso século.

Surge, entretanto, outra questão mais grave: O que acabará antes, o petróleo ou a vida na Terra? Sobreviveremos a um ambiente crescentemente envenenado, ao contínuo processo de aquecimento global causado pelo “efeito-estufa”?

Auspiciosamente, algumas vozes sensatas têm tido cada vez mais eco, alertando para o perigo de continuarmos a usar petróleo e gás natural como combustíveis na escala atual. A queima de combustíveis fósseis nos últimos 150 anos produziu efeitos hoje percebidos como catastróficos, em termos de alterações climáticas, desequilíbrios ambientais e poluição atmosférica.

Em função da irresponsabilidade de dirigentes políticos e das grandes corporações petrolíferas, o quadro atual requer uma intervenção em caráter urgente, visando interromper o ciclo histórico baseado em energia gerada a partir de combustíveis de origem fóssil.

As próximas décadas presenciarão uma dramática mudança nos padrões de geração e consumo de energia, sob pena de não termos futuro.

Felizmente, já temos algumas opções responsáveis para substituir a atual perversa matriz energética, implantando, progressivamente, em seu lugar, uma nova matriz baseada fontes de energia renováveis e limpas. Papel preponderante nessa nova matriz terão as regiões de clima tropical e com alta incidência de radiação solar. Isto se explica pelo fato de que boa parte da energia limpa que movimentará o mundo neste e nos séculos vindouros será proveniente de transformações da energia solar, quer sob a forma térmica , fotoelétrica ou sob a forma de produção de biomassa.

Particularmente, nosso país já partiu na frente dos demais, aproveitando suas excepcionais condições insolação e clima tropical. Dominamos amplamente a tecnologia para produção de etanol (álcool etílico), produzido a partir da cana de açúcar e de algumas raízes e iniciamos, de maneira tímida ainda, é verdade, a geração de tecnologia para a produção de combustíveis a partir de oleaginosas nativas (o biodiesel).

Já temos, inclusive, condições de exportar esse modelo, transferindo tecnologia e gerando renda para brasileiros. De modo especial, boa parte do continente africano e extensas regiões do sul da Ásia reúnem condições de insolação e clima propícios à implantação de programas semelhantes ao nosso. Já que a matriz é nova que seja novo também o seu modelo de exploração. Dado que boa parte dos insumos para produção de energia virão da agricultura, que se evite a concentração da propriedade e o latifúndio, aproveitando o ensejo para fazer uma reforma agrária digna deste nome há tanto tempo sonhada.

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