Foi, no entanto, durante o século 20 que a indústria do petróleo assumiu, de fato, a hegemonia e permitiu o vertiginoso crescimento da industrialização que conhecemos, após a descoberta de imensas jazidas de hidrocarbonetos, sobretudo no Oriente Médio.
Foi a partir do fim da 1 a Guerra Mundial que a busca por petróleo tornou-se mais sistemática com o aprimoramento da tecnologia para sua extração. Neste esforço, além de se ampliarem as reservas conhecidas no Oriente Médio, descobriram-se importantes jazidas de hidrocarbonetos na Ásia, na então URSS, na América Latina de nos EUA.
Todo o século 20 foi marcado pela exploração, produção, transporte, do petróleo e seus derivados e pelo controle, freqüentemente por meios bastante agressivos, de suas áreas produtoras. Surgiram, no início do século, as chamadas “Sete irmãs”, megacorporações privadas, com sede no eixo EUA-Grã Bretanha que dominavam, até então, o mercado mundial de petróleo e de seus derivados.
A partir do fim da 2 a Guerra Mundial, entretanto, dá-se o aparecimento das grandes corporações estatais de petróleo, empresas sob o controle de Estados, em sua maioria periféricos, que visavam livrar-se do cartel das “Irmãs” numa questão tão crucial para eles como a geração de energia para o seu desenvolvimento. No Brasil, criou-se a Petrobrás, no México a Pemex, assim como empresas estatais no Irã, Iraque, Indonésia, Venezuela, Itália, França e outros.
A partir desse momento as “irmãs” ou “majors” passaram a ter concorrentes num espaço que, até então, era privativo delas. O Século 20 assistiu inúmeras guerras, golpes de estado, rebeliões e assassinatos de líderes políticos em países produtores de petróleo, como conseqüência da disputa pelo controle do petróleo. Governos fracos, sob pressão, faziam concessões de exploração às “majors”. Os que resistiam sofriam retaliações.
Em 1960, foi criada a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Nessa ocasião, Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela, países que respondiam por 80% das exportações mundiais de petróleo, estabeleceram a OPEP como uma organização intergovernamental permanente, como uma reação ao cartel das “majors”. O pano de fundo do surgimento da OPEP consistia num mundo cada vez mais dependente de petróleo, cuja indústria era dominada por um cartel de grandes empresas transnacionais, as “Sete Irmãs” - Exxon, Mobil, Socal, Texaco, Gulf, Shell e BP – que, devido ao seu poder econômico e supremacia técnica, impunham o controle dos preços e da produção do petróleo, com o ostensivo apoio dos governos americano, inglês e francês, ditando os rumos da economia mundial.
Após uma tentativa de privatização das empresas estatais de petróleo a década de 1980-1990, na esteira do neoliberalismo então em moda, o quadro que se vê hoje é o de um consistente avanço das empresas estatais em direção ao predomínio no negócio. As reservas hoje conhecidas alcançam cerca de um trilhão de barris, sendo que destas, 80% encontram-se em países-membros da OPEP. As reservas das “majors” não passam de 32 bilhões de barris ou somente 3% do total. Observa-se, ademais, um intenso movimento de reestatização de reservas, através da não-renovação de concessões, do confisco ou da compra das reservas das “majors”. As principais empresas neste movimento são a Gazprom (Rússia), CNPC (China), ONGC (Índia), PDVSA (Venezuela) e Petrobrás (Brasil).
O petróleo ainda a ser descoberto será mais caro, de menor qualidade e de mais difícil acesso. Assim, competirá aos estados produtores planejar e administrar o equilíbrio entre a futura escassez de petróleo e o agravamento do efeito-estufa e da agressão ambiental resultantes da queima de petróleo.
Argemiro Pertence
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