Está se aproximando a hora do acerto de contas entre a Natureza e a chamada “civilização industrial”. O atual inverno no hemisfério norte está sendo o mais quente jamais registrado. Durante cerca de um século e meio, o modelo de desenvolvimento chancelado pelas grandes nações industrializadas esbanjou petróleo e, mais recentemente, gás natural para fazer o mundo funcionar à sua moda. Em quase sua totalidade, o petróleo e o gás extraídos do subsolo foram empregados como combustíveis, gerando, como fruto desse processo, o gás carbônico (CO 2 ), principal responsável pelo efeito-estufa hoje tão debatido e temido.
O efeito-estufa nada mais é do que o resultado da saturação de nossa atmosfera com gases que impedem que o calor do ambiente seja eliminado para o espaço exterior. Nosso planeta é diariamente banhado pela radiação térmica originária do sol. Esta radiação primária, oriunda do sol, atravessa nossa atmosfera, esteja ela ou não poluída, aquecendo nosso planeta. Entretanto, o mesmo fenômeno não se dá com a radiação refletida pela superfície terrestre, dado que esta é incapaz de vencer a barreira imposta pela atmosfera rica em gás carbônico. Antes da chamada “civilização industrial”, a radiação solar refletida pela superfície terrestre era enviada ao espaço cósmico. Atualmente, essa radiação fica retida na atmosfera terrestre, por força da barreira de CO 2 na atmosfera, provocando a elevação da temperatura do planeta.
Nos dias de hoje, a humanidade queima cerca de 12 milhões de toneladas de petróleo por dia , lançando na atmosfera outras tantas toneladas de gás carbônico e outros gases nocivos.
Mantida esta tendência, o aquecimento global, a médio prazo, provocará transtornos que vão desde a escassez de água, modificações na fauna e na flora das regiões polares, aumento da temperatura de rios e lagos, antecipação do florescimento da vegetação e da migração das aves, alterações na distribuição das algas, dos cardumes e do plâncton, até a elevação do nível dos oceanos, com as conseqüentes inundações de regiões costeiras.
Cientistas do GIEC (Grupo Intergovernamental para análise da Evolução do Clima), reunidos em Paris no mês passado, fazem previsões catastróficas caso o ritmo de produção de CO 2 não seja reduzido. Avalia este grupo que um aumento da temperatura média do planeta entre 2 e 4,5º C, em relação aos valores de 1990, resultará em escassez severa de água para cerca de 3,2 bilhões de pessoas. Por outro lado, um aumento de 4º C na temperatura média da Terra causará enchentes que afetarão 20% da humanidade. Aliados a esses desastres, o grupo prevê ainda a ocorrência de queda da produtividade agrícola, fome, mortes resultantes do calor excessivo, doenças ligadas à água contaminada, extinção maciça de espécies animais e vegetais e descontroles graves nos diversos ecossistemas.
Diante deste dramático panorama, nossa reação inicial seria a de propor a interrupção imediata do consumo de petróleo e gás natural. Isto também não é possível, pois os danos para a humanidade daí advindos são ainda desconhecidos.
Grupos de “experts” e organizações respeitáveis têm proposto que se inicie um processo gradativo de substituição do petróleo, seus derivados e do gás natural por outras fontes de energia menos nocivas. Particular ênfase tem sido dada á geração de energia a partir da biomassa cuja viabilidade técnica e econômica está sendo reconhecida. Associado a isto, recomenda-se um vigoroso programa de reflorestamento, em âmbito global, visto que as árvores retiram CO 2 da atmosfera para realizar a sua fotossíntese e crescer.
Esta é a questão que defronta a humanidade nas próximas décadas. Nossos netos e bisnetos nos agradecerão se fizermos a nossa parte e formos capazes de preservar as condições de vida neste oásis do Universo que a é a nossa querida Terra.
Argemiro Pertence
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